ASUS lança no Brasil notebook com sistema baseado em Linux
4 de julho de 2016 | Autor: antonini
Visitando o sítio Guia do Hardware encontrei a notícia título desse
post e resolvi testar o sistema operacional Endless OS que virá
pré-instalado nele.
O sítio oficial do produto fica
aqui
Antes de mais nada há de se desconfiar do objetivo desse
lançamento. A ASUS costuma lançar produtos mais baratos usando
peças refugadas que não podem ser colocadas ou instaladas em
máquinas de primeira linha, como por exemplo esse netbook que
estou utilizando para testar o sistema, um ASUS R103BA, que tem
um processador AMD A4 de 64bits, mas que não aguenta ou tem
poder de processamento suficiente para “empurrar” sistemas de 64
bits, sendo possível apenas instalar sistemas de 32 bits, mas
que veio originalmente com um M$-rWindows 10 Home de 64 bits em
uma máquina que, no catálogo dizia ter 2GB de memória RAM, mas
dessa quantidade de memória, apenas 1,4GB estão disponíveis, os
outros 648MB ou estão em uso pela placa de vídeo onboard, o que
duvido, ou tem partes com defeito, o mais provável, pois o chip
de memória RAM foi soldado à placa mãe, impossibilitando sua
expansão. Clique nas miniaturas das imagens da galeria abaixo
para conhecer a máquina que estou usando neste teste:
Uma vez iniciado pelo pendrive, o sistema reconheceu todos os
componentes da máquina, desde o touchpad, até a tela de toque. Todo
o “hardware” funcionou perfeitamente, sem problema algum, bem como
funcionou sem problemas em um desktop mais antigo equipado com um
processador Athlon X2 (de 2007), placa mãe ASUS M3HD e também em um
Dell Optiflex com Intel core i5, mas
não
funcionou bem em um notebook Acer R11 de 11,6″ (2 em 1), no qual o
touchpad não foi reconhecido.
A impressão inicial é de tratar-se de mais uma costumização do
Android-X86, devido aos ícones de atalho aos programas na tela
inicial, lembrando muito a tela dos smartphones e tablets com
Android, mas não é. Está mais para o lendário Xandros OS, mostrado
na imagem abaixo, que equipou o primeiro netbook da história, o ASUS
Eee-PC, de 7″:
Os problemas começam com a
obtenção do sistema. Não há opção de baixar uma ISO, mas apenas um
executável para r-Windows que baixa a imagem e instala em um
pendrive que dever ter no mínimo 16GB de capacidade, pois segundo
aparece no executável, a imagem do sistema completo tem 9,9GB de
tamanho.
Após iniciado o executável (duplo clique nele), demorou quatro
horas e vinte minutos para baixar a imagem e gravar em um pendrive
SanDisk de 32GB que no final mostrou uma mensagem alertando que em
equipamentos com BIOS UEFI, o “Security boot” deve ser
desabilitado, levando a suposição de o equipamento que a ASUS está
lançando ou não ter o UEFI na BIOS, ou o padrão dela ser “legacy”,
que inicializa qualquer outro sistema operacional.
Aparentemente, o Endless OS é derivado ou do Debian ou do Ubuntu,
mas não é possível instalar praticamente nada nele através de
repositórios. O sistema é engessado e só permite instalar o que
tem em seu repositório. É possível abrir o terminal e digitar
alguns comandos como reboot, poweroff, sudo su, mas nada além
disso. Um básico “apt-get update” nem pensar. Para entrar em modo
superusuário basta digitar “sudo su”, mas isso não serve para
nada.
O sistema iniciou sem problema algum no netbook utilizado e citado
acima, rodando sem engasgos e bem fluido, mas de “cara” apareceu
um bug inusitado: ao “espetar” um pendrive na porta USB 2.0, o
programa “Editor de Vídeo”, que na verdade é o PiTiVi, um editor
de vídeo versátil do mundo Linux, deixa de abrir. Para conseguir
abri-lo novamente, necessitou tirar o pendrive e reiniciar a
máquina.
Na imagem abaixo a captura da tela principal após instalados
alguns aplicativos do repositório do sistema, disponíveis no ícone
“Mais programas”.
Na barra de tarefas encontram-se um ícone com o logo do sistema que,
se clicado, abre uma janela com opções, como se fosse um “menu ou
botão iniciar” do M$-rWindows, mas contendo apenas as opções
mostradas na imagem abaixo, dentre elas os ícones de configuração,
feedback (“Nos dê a sua opinião”), ajuda do sistema, bloqueio de
tela e desligar, cuja imagem abaixo teve de ser tomada usando a
câmera digital de um celular porque o printscreen não captura a tela
quando aberto esse pseudo-menu iniciar. Todos os programas abertos
parecerão na barra de tarefas os programas ao lado do ícone do
navegador, que é o segundo ícone da barra de tarefas, sendo usado o
Chromium, uma costumização do Google Chrome para software livre,
cujo logo original foi alterado. Também aparecem na barra de tarefas
um relógio digital, um ícone de controle de volume, estado de rede,
bateria, Facebook e outro para alternar entre aplicativos. É
possível utilizar a combinação de teclas “alt + tab” para alternar
entre janelas e aplicativos ou clicando sobre seus ícones na barra
de tarefas.
O interssante é a enfase ao Facebook que ganhou atalho na barra de
tarefas:
Na imagem abaixo o instalador de programas do ícone “Mais programas”:
Além do bug de conflito com o pendrive, o editor de vídeo é bem
limitado, pois não tem os plugins da maioria dos formatos e não abre
qualquer vídeo. Tentado abrir um vídeo WMV para convertê-lo em webm e o
aplicativo mostrou a mensagem abaixo:
Para alternar entre aplicativo ou abrir um novo aplicativo basta clicar
no ícone no canto inferior direito da tela (as ondas ao lado do ícone do
Facebook) e depois clicar no ícone do quadro de 9 pontos na metade
esquerda da tela e escolher o ícone do aplicativo para abrir, ou outro
aplicativo aberto que aparecerá minimizado no meio da tela, um ao lado
do outro:
O sistema tem como pacote de escritório o LibreOffice. O editor de texto
LibreOffice Write foi batizado de “Redator” e seu ícone fica na tela
inicial:
Já o editor de planilhas LibreOffice calc (o “excel” do mundo
Opensource) e o de apresentações LibreOffice Impress (o PowerPoint do
mundo do pinguim) ficam escondidos em uma janela que se abre ao clicar
sobre o ícone “Trabalho”:
Na imagem abaixo a tela de sumário do sistema:
Tirando o bug do PiTiVi com o pendrive e as limitações, o sistema é bom,
bonito e adequado para um usuário doméstico ou para crianças, mas para
uso corporativo nem pensar e o preço sugerido de R$1.899,00 para esse
lançamento da ASUS só velará a pena se for possível trocar o sistema por
Debian, Ubuntu ou outra distribuição Linux para uso corporativo ou
empresarial. Para uso doméstico ou educacional ele é perfeito.
O equipamento é muito grande e pesado para carregar. O ideal para o
sistema operacional Endless OS seria uma máquina de 10,1″ ou no máximo
11,6″, com um SSD ou chip mSATA de ao menos 32GiB para as crianças
poderem carregá-la sem riscos de danos ao HD por pancadas ou solavancos,
ficando aqui a sugestão à ASUS: colocar esse sistema em um netbook e
corrigir os bugs, além de permitir instalação de programas de
repositórios pela linha de comando.
Abaixo um vídeo sobre os objetivos do projeto que são, diga-se de
passagem, louváveis, e mais algumas funções dele.