16 de agosto de 2003 | Autor: antonini
O Linux é um fenômeno
Nenhum outro sistema operacional deu tanto o que falar nos últimos
anos.
Até meados dos anos 90, quem comprava um computador pessoal tinha de
escolher entre um PC rodando DOS e Windows ou um Macintosh.
A versão do Unix para PC e o OS/2 da IBM contavam com seus adeptos,
mas nunca se tornaram realmente populares. E, qualquer que fosse a
escolha, o usuário pagava por ela. O Linux mudou tudo isso e virou
mercado de software pelo avesso.
Criado em 1991 por no Linus Torvalds, um estudante finlandês que
tinha na programação de computadores seu passatempo predileto, o
Linux logo se espalhou pelo mundo. Desenvolvido cooperativamente por
programadores de muitos países, esse sistema operacional popularizou
o conceito de software livre. Pode ser obtido de graça na internet.
Quem sabe programar pode modificá-lo para que atenda melhor as suas
necessidades, algo impensável com os softwares comerciais.
Empresas e usuários individuais usando o Linux sem pagar nenhuma
licença de uso. Companhias distribuidoras – como Red Hat, Conectiva,
SuSE, Oracle, VMware – ganham dinheiro vendendo CDs com software,
manuais, suporte técnico, cursos e serviços de consultoria. Um único
CD com Linux pode ser usado para instalar o software em centenas de
computadores. É completamente diferente do que acontece com os
softwares comerciais, que exigem pagamento de uma licença para cada
máquina em que serão instalados. É a revolução do software livre.
O mundo do pinguim tem seus heróis, como John “Maddod” Hall,.
Fundador da Organização Linux Internacional. Maddod, um incansável
divulgador do software livre, já esteve várias vezes realizando
palestras no Brasil. ” Desenvolver software não envolve apenas tempo
de estudo no desenvolvimento em si. É preciso ter tempo para
identificar os bugs do seu sistema e consertá-los você mesmo. Isso o
software fechado não permite. É o seu maior problema”, afirma ele.
A fama do Linux, comprovada, é de ser um sistema operacional
eficiente, capaz de rodar com bom desempenho mesmo em micros um
pouco de antiquados. Também tem escalabilidade, ou seja, suas várias
versões rodam em máquinas que vão desde dispositivos de bolso até um
grande mainframe. O fato de ser um sistema em que programadores
podem alterar e melhorar o software permite corrigir rapidamente as
falhas e manter o sistema em contínua evolução.
No início, o termo Linux referia-se apenas ao kernel, a parte
central do sistema operacional. Com o tempo, passou a identificar,
além do kernel, uma coleção de utilitários e aplicativos que rodam
sobre este núcleo. Essas coleções são chamados de distribuições. São
as versões empacotadas do Linux. Além do sistema operacional
propriamente dito, trazem coisas como ferramentas para administração
do sistema, desenvolvimento de aplicativos, interfaces gráficas para
o usuário e servidores para internet. Há dezenas de distribuições do
Linux, cada um uma com uma seleção de softwares feita por seu
respectivo fabricante.
O trabalho desses fabricantes tornou o Linux mais fácil de instalar
e de usar. É mais prático encontrar todos os programas básicos num
mesmo CD que ficar baixando arquivos isolados na internet. Empresas
como Conectiva, Red Hat e SuSE, bem como a Fundação Debian, criaram,
por exemplo, utilitários de instalação que já preveem a
possibilidade de instalar o Linux junto com outro sistema
operacional, como o Windows, no mesmo PC. Isso permite experimentar
o Linux sem eliminar totalmente o sistema antigo do micro.
As distribuidoras trocam informações entre si para evitar problemas
de incompatibilidade, como um aplicativo de uma distribuição não
funcionar em outra, por exemplo. Esses problemas ainda acontecem,
mas tem se tornado menos frequentes. O kernel tem sempre um
mantenedor, o responsável por aprovar cada aperfeiçoamento. Isso
garante que, pelo menos no núcleo do sistema, não vão aparecer
versões conflitantes. O primeiro mantenedor foi Linus Torvalds, o
segundo, o inglês Alan Cox. No fim do ano passado (ano 2000), os
dois escolheram o brasileiro Marcelo Tosatti, 18 anos, para cuidar
da versão estável do Linux, ou seja aquela que já está em uso
(versão 2.4.X). Entre suas missões estão selecionar as correções que
podem ser implementadas no sistema e tornar o Linux compatível com
novos computadores e periféricos. Torvalds e Cox continuam
responsáveis por supervisionar as versões do kernel que ainda estão
em desenvolvimento.
O software que veio do frio
Era uma vez um jovem estudante de computação da Universidade de
Helsinque, na Finlândia. Para sua própria diversão, em seu quarto
com cortinas que protegiam do sol (mesmo morando num país
notavelmente frio), achou que seria uma tarefa interessante melhorar
o Minix, uma variação do sistema operacional Unix concebido para
fins didáticos. Colocou a idéia em prática com a ajuda de
internautas de todo o mundo e acabou criando um novo sistema
operacional, o Linux. Sua criação mudou o mundo da tecnologia e
popularizou o conceito de software livre. Bem, a história do Linux
não é um conto de fadas, mas prova que um patinho feio como Linus
Torvalds pode, sim, ter sucesso.
Linus Torvalds nasceu em 28 de dezembro de 1969 e, como ele mesmo se
descreve em sua autobiografia – Só por Prazer – Linux, os Bastidores
da sua Criação, escrita em parceria com o jornalista David Diamond
-, era uma criança feia, de cabelos castanhos (no Brasil, seria
considerado loiro), com olhos azuis, sem o menor gosto para escolher
roupas e com o tradicional nariz dos Torvalds. Segundo ele, há mais
nariz do que homens em três gerações da família.
Por ser gênio da matemática, na escola e tirar boas notas,
cresceu e aceitou o fato de ser um nerd, muito antes de isso ser
considerado um ponto positivo na personalidade de alguém. O
sobrenome Torvalds veio de uma corruptela do sobrenome do avô
paterno. Torvald (“domínio de Thor”), que adicionou um “s” para
tornar o nome mais sonoro e confundir suecos e finlandeses, que não
tem dificuldade para pronunciar a palavra do jeito que ela é
atualmente. Por causa do sobrenome estranho, ele sempre aparece na
internet como Linus, não como Torvalds – ele afirma que são 21
Torvalds em todo o mundo, e todos são parentes.
Foi por meio do seu avô materno, Leo Waldemar Tornqvist,
professor de estatística da Universidade de Helsinque, que Torvalds
teve o primeiro contato com computadores. Quer dizer, primeiro foi a
calculadora que piscava ao calcular senos e cossenos. Depois veio um
Commodore VIC-20, em 1981. “O interesse pela informática começou
devagar, e foi crescendo em mim”. Afirma Torvalds. Ele via o avô
usando o computador, primeiro como um grande brinquedo, depois como
uma calculadora melhorada. Então veio a linguagem Basic, a porta de
entrada que levou Torvalds ao mundo da programação. Um dos primeiros
programas escritos por ele cumpria a incrível tarefa de mostrar a
palavra “Hello” na tela, infinitamente. Tinha duas linhas de código:
10 print “Hello”
20 goto 10
Depois a frase mudou para “Sara is the Best” (Sara é a melhor) para
homenagear a irmã mais nova, com quem brigava bastante.
Com a morte do avô, o Commodore passou a ser de Linus. Chegou um
momento em que sua mãe, jornalista, assim como o pai, dizia aos
amigos que tinha um filho com baixo custo de manutenção em casa.
Para deixá-lo feliz bastava guardá-lo em um quarto escuro com um
computador e ocasionalmente alimentá-lo com macarrão velho. Linus
afirma que os computadores de sua época, por serem menos
sofisticados, permitiam às crianças como ele fuçar nos sistemas, o
que não ocorre hoje. E os joguinhos eram uma forma de demonstrar
isso. Eram feitos sempre em seu quarto com cortinas pretas, uma cama
e, ao lado dela, o computador. Contatos com garotas? Só aquelas do
colégio que queriam aprender com o gênio da matemática. “Sim, eu era
um geek. Sentava na frente do micro e ficava feliz”.
Assim que esgotou os recursos do Commodore VIC-20, Linus Torvalds
decidiu que era hora de comprar um novo computador. Ele faz
aniiversário próximo do Natal. Na adolescência ganhava dinheiro dos
parentes. Juntou mais alguns trocados e optou por comprar um
Sinclair QL (isso por volta de 1986/87), que rodava o sistema
operacional Q-DOS, tinha processador 6808 de 8 MHz, 128 Kbytes de
memória e vinha com Basic avançado – mas nessa época Linus já
dominava programação em Assembly. Nada modesto, ele diz que os
programas que escrevia, nesta época, já eram perfeitos: “Comprei um
controlador de disquetes, mas o Driver para ele era tão ruim que
acabei escrevendo meu próprio. Nesse processo, encontrei bugs no
sistema operacional, ou pelo menos uma discrepância entre o que a
documentação dizia e o que o sistema fazia”, relata em só por
prazer. Foi assim que Torvalds mergulhou de cabeça no mundo dos
sistemas operacionais, uma aventura que acabaria por levá-lo a
desenvolver seu próprio sistema, o Linux..
Minix ou Linux?
Quando entrou na universidade em 1990, o computador de Linus era um
velho Sinclair QL. Mas, nesta época, os PCs 386 já eram micros
atraentes. Fazendo tudo o que Sinclair fazia e eram produzidos em
massa, logo, tinham um preço menor. Linux começou a se desfazer do
Sinclair aos poucos, ele pensava que seria divertido comprar uma
nova CPU, apesar de não ter dinheiro. Nessa mesma época ele conheceu
o livro que mudaria sua vida para sempre e, um tempo depois, o faria
ter uma discussão (via Internet, claro) com o autor. O livro era
“Sistemas Operacionais: projeto e implantação”, de Andrew Tanenbaum,
professor em Amsterdã. A obra descrevia o Minix, projeto criado pelo
autor para ser um clone do Unix. Após devorar as 719 páginas, Linus
decidiu que queria um computador para rodar Unix. Apesar de a
universidade ter máquinas rodando Unix e a partir daquele semestre
ter um professor tão novato quanto os alunos no assunto, a versão
escolhida para brincar em casa seria o Minix, mesmo.
Chega 1991 e Linus quer comprar um computador que 3500 dólares. O
dinheiro recebido no aniversário/Natal não dava para isso, mas era
possível financiar o micro, de topo de linha. Ele descreve o
computador, que chegou em 5 de janeiro: “Não apenas é um micro sem
nome, mas também sem descrição. Era um bloco cinza básico. Não
comprei esse computador porque era bonitinho”. O micro funcionava a
33 MHz, tinha 4 MB de memória RAM e rodava MS-DOS. Na livraria local
havia um livro sobre Minix, mas o programa teria de ser encomendado.
Um mês de espera soou como seis anos.
O Minix chegou numa sexta-feira, e Linus passou o final de semana
inteiro descobrindo do que gostava e, principalmente, do que não
gostavam do sistema operacional. O emulador de terminal era um ponto
que o irritava, pois precisava se conectar ao computador da
universidade e a versão criada por Tanembaum não era das melhores. E
era inverno na gelada Helsinque. Linus resolveu melhorar o emulador
de terminal, mas como não conseguiu, lançou-se à tarefa de projetar
e escrever seu próprio terminal.
O projeto do emulador cresceu. Já dava para se conectar com o
computador da universidade, ler e-mails e participar do grupo de
discussão sobre Minix, mas não para fazer a upload ou download e
para isso, precisava gravar os dados em disco. Logo, teria de criar
um sistema de gerenciamento de arquivos. Isso deu trabalho, mas ele
já via que o projeto se tornaria um sistema operacional. Linux
afirma que não se lembra se era dia ou noite quando teve essa idéia,
afinal as cortinas cobriam a luz solar. Em 3 de julho, ele envia uma
mensagem para um grupo de discussão na Internet pedindo informações
sobre regras Posix – padrões que definem o funcionamento do Unix, e
a resposta estava na sua própria universidade, em manuais da Sun
Microsystems. Começava a nascer o Linux.
GNU não é Unix
No princípio, era o Unix. O sistema operacional que a partir de 1969
foi a base de muita coisa que conhecemos hoje, incluindo o Linux. O
Unix nasceu nos Laboratórios Bell, da AT&T, nos EUA. Em 1974,
tornou-se um o primeiro sistema próximo ao escrito em linguagem C. É
antes dele, o software básico do computador era sempre escritor em
Assembly, linguagem específica para cada plataforma de hardware. O
uso da linguagem C permitiu criar o primeiro sistema operacional
portável, ou seja, capaz de rodar em diferentes computadores. O Unix
foi, também, o primeiro sistema operacional totalmente modular. Isso
permitiu acrescentar novas funções a ele por meio de módulos
adicionais. Com essas características, o Unix pode evoluir junto com
o hardware. É significativo o fato de continuar fazendo sucesso 33
anos depois de criado.
O Unix espalhou-se por várias empresas e universidades, e ganhou
muitas variantes. No início dos anos 70, Richards Stallman
trabalhava como programador no laboratório de inteligência
artificial do instituto de tecnologia de Massachusetts (MIT). Ele já
fazia parte de uma comunidade de troca de software. seu trabalho?
Melhorar o sistema operacional do digital PDP-10 um supercomputador
dos anos 70, que parou de ser fabricado no início dos anos 80. Com o
fim do PDP-10, e da comunidade criada em torno dele, havia duas
opções para Stallman. A primeira a entrar no mundo do software
comercial, com suas licenças de uso restritivas, e “Descobrir que,
no final da carreira, teria passado a vida fazendo do mundo um lugar
pior”, na visão do próprio Stallman. Ele cogitou até abandonar a
profissão. A segunda possibilidade vislumbrada por ele era criar sua
própria comunidade e, por conseqüência, um novo sistema operacional.
Enquanto estava no MIT, os computadores modernos da época, como o
VAX e o 68020, tinham seus próprios sistemas operacionais, mas
nenhum software era livre. O usuário tinha de assinar um termo de
compromisso para obter uma cópia, sem poder compartilhar os
programas livremente. Para mudar algo, teria de pedir ao
desenvolvedor. Stallman não concordava com as regras do mercado e
decidiu fazer um sistema compatível com o Unix, pois isso tornaria
fácil, para os usuários de Unix usá-lo e modificá-lo. Em 1984,
Stallman criou a Free Software Foundation (FSF). Seu objetivo era
desenvolver o sistema operacional GNU, sigla que vem de “GNU não é
Unix”, nome irônico escolhido por uma tradição hacker. A FSF nunca
concluiu totalmente seu projeto. Mas Linus Torvalds usou muitos dos
utilitários, ferramentas de desenvolvimento e aplicativos do GNU em
seu Linux. Sem GNU, não existiria o Linux como o conhecemos hoje.
O pinguim vira símbolo
Por que um pinguim? A ideia surgiu com uma mordida de um deles no
dedo de Linus, num zoológico da Austrália. Depois disso, a ave,
apelidada de Tux, virou símbolo do sistema operacional.
Linus descreve que pensava que o sistema operacional seria um
substituto do Minix, com melhorias naquilo que ele achava ruim ou
insuficiente. Quando viu, havia criado um shell, o termo UNIX para
interface entre o usuário e o sistema operacional. E a primeira
coisa que o kernel, o núcleo do sistema criado por Linus, fazia era
acionar o shell, que era um clone do Bourne Shell, um dos shells
originais do Unix. Em meados de agosto, o shell estava pronto e com
ele era fácil criar e compilar outros programas. O verão na
Finlândia estava no auge e Linus continuava trancado no quarto,
chamando sistema secretamente de Linux, embora tivesse o nome Freax
reservado.
Com a ajuda dos grupos de discussão na web, Linus pedia aos colegas
que dissesse o que gostariam de ver no Minix, já que estava criando
um sistema operacional como hobby para PCs. Em 17 de setembro de
1991, o shell funcionava e o Linux passava a ser distribuído
gratuitamente em um servidor da Internet. A versão era a 0.01, o que
indicava que o software não estava tão pronto assim. Eram cerca de
10.000 linhas de código. Hoje, são mais de 10 milhões.
Em outubro, vem a versão 0.02, depois a 0.03. No mês de novembro o
software já estava na versão 0.10. Os internautas apareciam com
dúvidas para instalar e melhorar o sistema, que começava a fazer
barulho na comunidade underground de tecnologia. “De repente, as
pessoas começavam a substituir o Minix pelo Linux”, relata Torvalds.
O número de usuários cresceu de 5, 10, 20 pessoas identificáveis a
centenas de anônimos que, a pedido do Linus, mandavam
cartões-postais para sua casa. Os cartões chegavam do mundo inteiro.
Daí para o reconhecimento e adoção mundial do Linux por empresas
como IBM, e a criação de companhias como Red Hat, VA Linux e tantas
outras foi um pulo.
Linus foi o primeiro desenvolvedor do Linux e ainda coordena os
trabalhos. Depois dele, Alan Cox foi escolhido como guardião do
pinguim e, no ano passado (2001) o brasileiro Marcelo Tosatti, de 18
anos, foi indicado para coordenar as atualizações do kernel estável,
ou seja, daquele que já está em uso. Torvalds e Cox continuam
cuidando do desenvolvimento de novas versões. Se não fosse pelo
esforço do estudante Linus Torvalds, talvez o mundo dos sistemas
operacionais fosse um pouco mais inseguro em menos divertido. Hoje
Linus trabalha na Transmeta, uma fabricante de chips. Mora no Vale
do Silício, nos Estados Unidos e, como sua mãe previa, a mãe
natureza fez seu serviço: Linus casou-se com Tove, uma aluna que o
convidou para sair por e-mail. Ele tem três filhas e uma BMW Z3. Se
houvesse um conto de fadas geek, poderíamos dizer que é o primeiro
do gênero, com um final até o momento feliz. Ou que está na versão
2.4. X, como o kernel do Linux.
Qual é o nome mesmo?
Para completar o sistema operacional Linux, Linus Torvalds e sua
equipe usaram componentes desenvolvidos pela Free Software
Foundation, como parte do projeto GNU, e isso causa uma confusão de
nomenclatura: se Linux é o núcleo, mas utilitários do GNU sustentam
o software, porque não chamá-lo de GNU/Linux? Pelo menos essa é a
visão de Richard Stallman, criador da FSF. “No início dos anos 90,
já tínhamos ocupado todo o sistema, exceto o núcleo (e nós ainda
estamos trabalhando num kernel, o GNU/Hurd).
Desenvolver esse núcleo tem sido bem mais difícil do que
esperávamos, e nós ainda estamos trabalhando em sua finalização.
Felizmente, você não precisa esperar por ele, por que o Linux e está
funcionando agora. Quando Linus Torvalds escreveu o Linux, ele
completou a última grande lacuna”, explica Stallman. “Pessoas
poderão, então, colocar o Linux junto com GNU para compor um sistema
livre completo, um sistema GNU baseado em Linux, ou GNU/Linux, para
simplificar”, diz.
Essa visão causa polêmica, claro. Grande parte da comunidade
linuxista, apesar de não questionar a grande contribuição do GNU
para o Linux, acha essa nomenclatura uma bobagem. Joe Kaplenk,
especialista no assunto e autor de livros sobre sistemas
operacionais, lembrou que, para fazer realmente justiça, o Linux
deveria se chamar GNU/BSD/AT&T/Unix/Multics/Minix/Linux. Afinal,
antes do GNU, já existia software livre. E o Linux incorpora, em
suas distribuições, muita coisa do GNU, mas também muito software
que não é GNU. Considerando tudo isso, o nome Linux está de bom
tamanho, diz Kaplent.