Entendendo a crise americana
23 de outubro de 2008 | Autor: antonini
A crise americana está explicada nesta postagem de duas maneiras.
Primeira maneira:
Bem, aqui vai um resumo em uma linguagem simples para você entender o
que está acontecendo no mundo dos negócios Americano que atualmente está
afetando todos os Países! O texto traz explicações bastante claras.
Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares
financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1
milhão de dólares. Aí, um banco perguntou pro Paul se ele não queria uma
grana emprestada, algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como
garantia. Ele aceitou o empréstimo, fez uma nova hipoteca e pegou os
800.000 dólares.
Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de
valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como
400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do
banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) pra ele, deu um
carro (japonês) para cada filho e com o resto do dinheiro comprou tv de
plasma de 63 polegadas, 43 notebooks, 1634 cuecas. Tudo financiado, tudo
a crédito. A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão
de crédito.
Em agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis
estavam caindo. As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em
construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez…
O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para
comprar outras casas e revender com lucro. Fácil….parecia fácil. Só que
todo mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul pagava
começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu
investimento em imóveis se transformara num desastre.
Milhões tiveram a mesma idéia do Paul. Tinha casa pra vender como nunca.
Paul foi agüentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das
3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender,
mais as prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de
plasma e do cartão de crédito.
Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha
que pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava que já
teria revendido as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os que havia
só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago. Paul se danou.
Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa que ele morava e das
3 casas que ele havia comprado como investimento. Os bancos ficaram sem
receber de milhões de especuladores iguais a Paul.
Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os
bancos que não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas que
comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul
quebrou. Ele e sua família pararam de consumir…
Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam
feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os
empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis. Esses títulos
passaram a ser negociados com valor de face. Com a inadimplência dos
Pauls esses títulos começaram a valer pó.
Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos
estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos
americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos
foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel… Preço que
despencou. Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em
500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo
pelos 300.000 não havia compradores.
Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava,
como os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos
milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam
centenas de bilhões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba.
Acabou.
Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar
por medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir porque não tinham
crédito. Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos
e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.
O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento,
é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.
O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas
de juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também começou a
injetar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo Bush
lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do
imposto de renda pago, visando incrementar o consumo porém essas ações
levam meses para surtir efeitos práticos. Essas ações foram corretas e,
até agora não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em
recessão.
O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas.
Até que na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo para
uma economia aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para
sacar suas economias, boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da
América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado,
insolvente.
No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado
pelo JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse. Depois disso o
Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por ação. Há um ano elas
valiam 160 dólares. Durante esta semana dezenas de boatos voltaram a
acontecer sobre quebra de bancos. A bola da vez seria o Lehman Brothers,
um bancão. O mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na
próxima segunda-feira.
O que começou com o Paul hoje afeta o mundo inteiro. A coisa pode estar
apenas começando. Só o tempo dirá.
Dia 15 de setembro 2008 o Lehman Brothers pediu falência, desempregando
mais de 26 mil pessoas e provocando uma queda de mais de 500
(quinhentos) pontos no Indice Dow Jones,que mede o valor ponderado das
ações das 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores de New York
– a maior queda em um único dia,desde a quebra de 1929.
Retirado do sítio
sem
demora
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Segunda maneira:
Imagine a seguinte situação: O Zezinho da favela comunidade do Buraco
Quente tem uma birosca e decide vender cachaça “no caderninho” aos seus
leais fregueses, todos bebuns, quase todos desempregados ou
trabalhadores de baixa renda.
Porque decidiu vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço
da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os fregueses pagam
pelo crédito).
O gerente do banco do Zezinho, um ousado administrador formado em
Economia e com MBA, decide que os caderninhos das dívidas da birosca
constituem, afinal, um ativo recebível, tecnicamente mais rentável que
outras aplicações e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo
os pinguços como garantia. Para as agências de classificação de riscos
esses papéis, o caderninho, possui um risco maior que é compensado pelos
lucros mais vantajosos.
Executivos e palpiteiros das agências de risco lastreiam os tais
recebíveis do banco e os transformam em CDB, RDB, CDO, CCD, UTI, OVNI,
SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o
que quer dizer. Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o
mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos
na bolsa, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (o tal caderninho da
birosca do Zézinho).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios,
com fortes garantias reais, nas bolsas de valores e mercados financeiros
de 73 países. Até alguém descobrir que os bêbados fregueses da birosca
do Zezinho não têm dinheiro para pagar as contas e a birosca vai à
falência.
Com isso o banco credor do Zezinho verifica que sem receber está
quebrado. A seguradora do banco também quebra, as seis instituições que
haviam comprados títulos do banco também quebram, todo mundo que tinha
ações dos bancos e seguradoras tentam se livrar delas. Como todos querem
vender as ações despencam e as bolsas também. Então todo mundo começa a
sacar dinheiro das contas correntes para guardar em casa. Todo o sistema
financeiro começa a implodir.
Para consertar essa m**** toda, o presidente convence o senado e o
congresso a pegar o dinheiro que cidadãos honestos e trabalhadores
pagaram em forma de impostos e compra as tais dívidas.
Foi isso que aconteceu…
Retirado do sítio
Acidez
Mental