Exames de rotina para detectar câncer de próstata trazem
poucos benefícios
17 de setembro de 2010 | Autor: antonini
A adoção de exames de rotina em massa para a detecção de câncer de
próstata tem pouco efeito sobre a taxa de mortalidade da doença e
representa um risco de excesso de tratamento, alerta um estudo que
será publicado na edição desta quarta-feira (15) no BMJ (“British
Medical Journal”).
Philipp Dahm, professor da Universidade da Flórida, acompanhou os
resultados de seis experimentos nos quais populações masculinas ou
foram submetidas a exames –tanto o digital retal, quanto o sanguíneo
para detectar o antígeno relacionado ao câncer de próstata– ou
sequer foram examinadas.
Os exames de rotina tiveram um efeito desprezível na taxa de
mortalidade desta doença e até mesmo na taxa de mortalidade total.
“Nossas descobertas sugerem que o impacto esperado em termos
absolutos seria, no máximo, modesto”, destaca o especialista no
artigo.
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum de câncer em homens
de todo o mundo, além do de pele. A doença é a segunda maior causa
de morte por câncer em homens nos Estados Unidos depois dos tumores
de pulmão.
A maior parte dos casos é detectada em homens na casa
dos 60 anos.
Muitos países têm programas de exames de rotina para homens de meia
idade, mas esta prática é controversa. Um dos problemas é que o
exame para o chamado antígeno PSA, que está completando 20 anos, não
consegue distinguir entre tumores de baixo risco e os agressivos,
que normalmente são fatais.
Os níveis do antígeno também podem oscilar segundo fatores
individuais e subir por causa de inflamações prostáticas.
Como efeito, especialistas que acompanham os exames sistemáticos
discutem se o benefício de detectar homens que possam vir a
desenvolver a doença compensa o risco potencial de submeter homens
saudáveis ao excesso de diagnóstico e tratamento.
Em um estudo separado, também publicado no BMJ, cientistas
descobriram que o nível do antígeno, encontrado entre homens na casa
dos 60 anos, identifica aqueles com mais risco de desenvolver a
doença.
Isto reduziria a necessidade de exames repetidos de PSA entre
aqueles que são menos vulneráveis, afirmam os autores.
Outros que devem ser monitorados de perto são os homens jovens com
histórico familiar de câncer de próstata ou que tenham apresentado
um nível relativamente alto de PSA em exames iniciais.