Há décadas já se usa este ácido no tratamento
de diversas feridas. Onde está a novidade?
acido_hialuronicoUma novidade anunciada na 50ª Reunião Anual da
American Society for Cell Biology, na Filadélfia, Estados Unidos,
poderá resultar em alternativas para tratar ferimentos graves sem a
formação de cicatrizes.
O ácido hialurônico é uma substância presente no organismo de todos
os animais que preenche os espaços entre as células. Com o avanço da
idade o ácido hialurônico diminui, reduzindo também a hidratação e
elasticidade da pele, o que contribui para o surgimento de rugas.
O grupo de Cornelia Tölg, do London Regional Cancer Program, em
Ontário, no Canadá, conseguiu bloquear fragmentos de ácido
hialurônico que disparam a inflamação.
O bloqueio, feito em ratos com um minúsculo peptídio chamado 15-1,
promoveu a cura de ferimentos profundos com a minimização de
cicatrizes e a formação de um tecido cutâneo mais forte no lugar
afetado.
A equipe, que contou com pesquisadores dos Estados Unidos,
identificou no peptídio (molécula composta de dois ou mais
aminoácidos) denominado 15-1 a capacidade de bloquear receptores
moleculares em células da pele que reagem a fragmentos do ácido
hialurônico ao estabelecer um caminho celular para a inflamação.
Nos testes feitos em laboratório, uma única dose do peptídio reduziu
a contração do ferimento, os depósitos de colágeno, a inflamação e o
crescimento de vasos sanguíneos novos e indesejados. Apesar de o
estudo ter sido feito em animais, os cientistas afirmam que os
resultados obtidos podem ser extrapolados para eventual aplicação em
humanos.
Até o fim da década de 1970, o ácido hialurônico era considerado
apenas uma espécie de goma inerte que preenchia a matriz
extracelular, mas desde então estudos têm mostrado seu importante
envolvimento em uma ampla variedade de processos biológicos, do
desenvolvimento embrionário do coração a metástases de tumores,
passando pelo reparo de ferimentos.
A relação entre níveis de ácido hialurônico e a regeneração de
tecidos é paradoxal, segundo os autores do estudo. Os níveis desse
ácido são extremamente elevados em embriões e em recém-nascidos, que
são capazes de se recuperar rapidamente de cirurgias sem a formação
de cicatrizes.
Mas, durante a vida adulta, os níveis de ácido hialurônico intactos
caem enquanto aumenta a proporção de moléculas quebradas da
substância. Por conta disso, enquanto o ácido intacto promove uma
recuperação forte – no caso de ferimentos – os fragmentos atuam
junto a receptores que disparam a inflamação que resulta na formação
de cicatrizes e de pele mais frágil.
O estudo foi apresentado com o título “Use of Hyaluronan Binding
Peptides for Control of Wound Repair Associated Fibrosis”.