15 de novembro de 2008 | Autor: antonini
Estudo mostra que, nesse horário, o nutriente multiplica por até
cinco vezes a sensação de saciedade ao longo do dia. Leia aqui mais
um “interessante e emocionante” capítulo da série “Besteirol Diário
em Doses Cavalares”. Sabe Deus onde, quando e como fizeram o tal
estudo que dizem ser conclusivo sobre os efeitos das proteínas no
emagrecimento, quando ingeridas no desjejum.
Por
Lúcia Helena de Oliveira
Já se
desconfiava que pitadas a mais de proteína na dieta evitariam
ataques de gula. E nesta semana o British Journal of Nutrition
publicou um trabalho surpreendente que, na verdade, foi realizado em
solo americano, mais especificamente na Universidade Purdue, por um
time liderado pelo nutricionista e doutor em ciência dos alimentos
Wayne W. Campbell. “O horário em que você consome a proteína faz
toda a diferença para aproveitar esse efeito saciedade”, sentencia o
pesquisador, em entrevista a esta coluna.
Ele conta que, para o estudo, recrutou homens acima do peso na faixa
dos 40 anos. Todos seguiram uma alimentação equilibrada de baixas
calorias, fracionada em cinco refeições. Mas havia diferenças. Parte
do grupo recebeu uma dieta com um teor, digamos, convencional de
proteínas. Para o restante, porém, os nutricionistas criaram um
programa alimentar com o mesmo valor calórico, mas com uma
participação maior de fontes protéicas. De 18% a 25% das calorias
consumidas vinham de alimentos ricos em proteínas.
“Já esperávamos que essa turma sentisse menos fome ao longo do dia”,
admite Campbell. “O que eu me intrigava mesmo era descobrir o
seguinte: se essas pessoas concentrassem mais proteínas em uma
determinada refeição, será que isso faria alguma diferença? Vimos
que sim.”
Para chegar a essa conclusão, ele dividiu os voluntários que comiam
mais proteína em quatro grupos. O primeiro distribuiu os alimentos
protéicos por todas as refeições. O segundo reforçou a presença das
proteínas no café-da-manhã. O terceiro comeu mais de suas fontes no
almoço e o quarto, no jantar. Todos os participantes tinham de
responder perguntas sobre como andava a sua fome, se tinham vontade
de devorar bombons no meio da tarde e coisas assim. Não bastasse
isso, de vez em quando se submetiam a testes de sangue para medir
hormônios envolvidos com a saciedade.
Cruzadas todas essas informações, os cientistas notaram que não
fazia muita diferença distribuir todas as porções protéicas ao longo
das refeições ou deixá-las para o almoço e o jantar. No entanto,
caprichar na proteína do café-da-manhã, ah, isso sim, era uma ajuda
e tanto, capaz de multiplicar por quatro, muitas vezes até por cinco
a intensidade e a duração da sensação de saciedade.
“Por que isso acontece? Bem, nós ainda não sabemos. Mas trata-se da
primeira evidência científica de que o horário de consumo das
proteínas faz diferença e uma revelação assim, sem dúvida, pode
ajudar pessoas que precisam perder peso de uma maneira mais
saudável, sem apelar para saídas malucas.”
O especialista lembra que, por ironia, muita gente prefere comer
mais proteínas à noite e comenta que um café-da-manhã capaz de
prevenir ataques de fome não tem nada de outro mundo,
“principalmente nos países onde as pessoas têm o bom hábito de tomar
leite no desjejum.” Ele aconselha que você complemente o leite
desnatado com duas porções de alimentos protéicos. Uma porção
equivaleria a um ovo cozido ou uma omelete simples preparada sem
gordura ou feita só de claras; duas fatias finas de peito de peru ou
de presunto light ou, ainda, de queijo light também; uma colher de
sopa de queijo cottage; um copo de iogurte desnatado batido com
adoçante, entre outros exemplos.