81% dos brasileiros apóiam lei contra fumo
15 de novembro de 2008 | Autor: antonini
Entre os fumantes, 64% defendem rigor contra cigarro, segundo
pesquisa nacional Datafolha realizada na última semana. Nível de
aprovação ao projeto que veta cigarro em ambientes fechados em SP é
parecido em relação a sexo, idade, escolaridade e renda.
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa nacional feita pelo Datafolha na semana passada mostra
que 81% dos brasileiros apóiam o projeto de lei que proíbe o fumo em
todos os ambientes coletivos fechados do Estado de São Paulo,
incluindo os fumódromos.
O aumento do rigor contra o cigarro é defendido até mesmo pelas
pessoas que afirmam “fumar cigarros, mesmo que de vez em quando”.
Desse grupo, 64% se dizem favoráveis à proposta. Entre os
não-fumantes, 86% aprovam a idéia.
O projeto foi apresentado à Assembléia Legislativa no final do mês
passado pelo governador José Serra (PSDB). Se for aprovado pelos
deputados estaduais, ficará proibido fumar em bares, boates,
restaurantes, hotéis, áreas comuns de condomínios, shoppings,
hospitais e táxis, por exemplo.
Não serão permitidos, em São Paulo, nem mesmo os espaços separados
que atualmente restaurantes e bares reservam aos fumantes. Dessa
forma, o cigarro só ficará liberado ao ar livre e dentro de casa.
Segundo o Datafolha, o nível de aprovação ao projeto é parecido em
ambos os sexos, em todas as faixas etárias, em todos os graus de
escolaridade e nas diferentes faixas de renda.
A aprovação é um pouco maior entre os simpatizantes do PSDB (88%),
partido de Serra, que entre os do PT (83%).
Ruim para os fumantes
A pesquisa Datafolha foi realizada entre a segunda e a quinta-feira
da semana passada. Foram entrevistadas 2.785 pessoas com 18 anos ou
mais e de todos os níveis sociais.
Os entrevistadores ouviram pessoas em 212 municípios das cinco
regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos
percentuais, para mais ou para menos.
De todos os entrevistados, 13% se disseram contrários à proposta em
análise pelos deputados paulistas. Os fumantes são mais refratários
à idéia -30% deles se dizem contrários. No grupo dos não-fumantes, o
índice de rejeição ao projeto de lei cai para 8%.
Para a maioria, a lei terá efeito “ótimo/bom” sobre os não-fumantes
e “ruim/péssimo” sobre os fumantes.
Para os bares e restaurantes, na opinião da maioria das pessoas
ouvidas pelo Datafolha, o impacto do banimento do cigarro será
“ótimo/bom”.
Das pessoas ouvidas, 63% disseram que haviam tomado conhecimento do
projeto de lei apresentado pelo governador José Serra (PSDB). De
qualquer forma, antes de perguntar-lhes a opinião, os
entrevistadores explicaram os principais pontos da proposta.
Gastos para o SUS
Extremamente prejudicial à saúde, o tabagismo é considerado uma
doença, capaz de dar origem a outras cinco dezenas de males -como
câncer (principalmente de pulmão), infarto, AVC (acidente vascular
cerebral), bronquite, osteoporose e até impotência sexual.
Esses males atingem também as pessoas que, mesmo não fumando, inalam
a fumaça do cigarro. São os chamados fumantes passivos. De acordo
com estudos recentes do Inca (Instituto Nacional de Câncer), pelo
menos 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil por doenças
provocadas pelo tabagismo passivo -sete mortes por dia.
Segundo o governo de São Paulo, os pacientes tratados de doenças
provocadas pelo cigarro custaram ao SUS (Sistema Único de Saúde), no
ano passado, pelo menos R$ 92 milhões.
Com esse valor, é possível custear por um ano o funcionamento de
dois hospitais públicos de médio porte, com cerca de 200 leitos cada
um.
No momento, o projeto de lei que aumenta as restrições ao fumo
recebe emendas dos deputados estaduais. Só depois disso é que ele
começará a ser votado pelas comissões da Assembléia Legislativa.
Pelo projeto, os estabelecimentos que descumprirem a norma serão
multados em valores que variam de R$ 220 a R$ 3,2 milhões e poderão
ser interditados. Não haverá punição aos fumantes infratores.
“Caso a lei seja aprovada -e acreditamos que será-, os
estabelecimentos e as pessoas terão de se adaptar. Isso é
perfeitamente possível, ainda que no início haja certa resistência
ou dificuldade. Os fumantes se adaptaram às leis que os proibiram de
fumar dentro de aviões e cinemas, por exemplo”, diz o secretário
estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.