Cães entendem injustiça e sentem inveja, diz estudo
10 de dezembro de 2008 | Autor: antonini
Esse é um estudo interessante e relevante, apesar de muitos o
classificarem como inútil e dígno do prêmio Ig Nóbel.
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo
Quem tem mais de um cachorro sabe o óbvio: que na hora de dar um
biscoito ou um osso, todos têm que ter o seu próprio. Mas o
“óbvio” do dono de um animal doméstico não é o mesmo da ciência.
Foi preciso uma equipe de pesquisadores na Áustria testar se
existe “inveja” entre cães para deixar claro que isso não só
existe, como faz parte de um mecanismo biológico vinculado à
evolução da cooperação em indivíduos de uma mesma espécie.
Testados, os cães deixaram claro que possuem uma natural “aversão
à iniqüidade”, e que fazem “greve” se não forem tratados do mesmo
modo como seus semelhantes, algo já descoberto em macacos.
O estudo, liderado por Friederike Range, da Universidade de Viena
(Áustria), está na edição de hoje da revista “PNAS”.
Os experimentos parecem mais adestramento canino doméstico do que
algo associado a um laboratório universitário. Foram testados 29
cães capazes de “dar a patinha”. Os cachorros selecionados eram já
adestrados nesse comando com seus donos, mas o teste envolvia “dar
a patinha” para um experimentador desconhecido, acompanhados pelo
dono e por um outro cachorro logo ao lado.
Leve-se em conta que são cachorros austríacos, acostumados à dieta
local. Ao obedecer ao comando, o cachorro poderia receber uma
recompensa boa –um pedaço de salsicha–, ou uma nem tanto –um
pedaço de pão preto. Pior, poderiam não receber nada pelo
“trabalho” de dar a pata.
Os testes foram planejados de modo a excluir interpretações
alternativas. Os cães foram testados, por exemplo, sem receber
recompensa; ou sem o cão parceiro; ou com ambos recebendo o
prêmio.
“Cães têm uma forma de ciúme, e todo dono de mais de um cão sabe
que se faz carinho em um, o outro vem pedir”, diz Cesar Ades,
especialista em comportamento animal do Instituto de Psicologia da
USP, que elogia o experimento. “É um trabalho cuidadoso, eles
mostram a recompensa ao cachorro, feita com vários controles. Se
um recebe e o outro não, ele pára de dar a pata até antes daquele
que não recebe recompensa sem contato social.”
Ao contrário dos experimentos com chimpanzés, os cães não davam
importância à qualidade da recompensa (salsicha ou pão preto). Já
os macacos eram mais discriminantes quanto ao tipo de recompensas
que ganhavam.
Os cães também sempre comiam o que recebiam; os macacos podiam
rejeitar a comida se achavam que estavam sendo injustamente
tratados. Só não há explicação clara no estudo para o fato de um
cão não fazer distinção entre salsicha e pão, diz Ades.
Experimentos anteriores mostraram que os cães cansam da
brincadeira e param de dar a pata depois de 15 a 20 vezes sem
receber nenhuma recompensa.
O resultado do novo teste foi o que os donos de cães poderiam
prever: animais sem prêmio pelo mesmo “trabalho” do colega ao lado
logo pararam de “cumprimentar” o experimentador, e mostravam
sinais de “indignação” –ficavam se coçando, bocejando, lambendo a
boca ou desviando o olhar.
é um ótimo poster, eu sempre gosto de ler o que você encreve, no meu blog tambèm tem ums artigos e umas notícias muito boa. abraços.