Futuro da Lei Azeredo está no log de acesso
7 de julho de 2009 | Autor: antonini
Durante esta semana, políticos devem
se juntar, mais uma vez, para debater e concluir o que restará do
projeto de lei de crimes cibernéticos que tramita há mais de 10 anos
no Congresso Nacional.
Eduardo Azeredo, do PSDB-MG: projeto de lei que leva seu nome
ganhará outro debate político durante a semana - e deve trazer
soluções, segundo comissão
A chamada Lei Azeredo, elaborada pelo senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG) e com emendas do senador Aloizio Mercadante (PT-SP),
enfrenta uma série de discussões que se estendem pelo Brasil adentro
e ultrapassam os vinte e três artigos do plano desde julho do ano
passado, quando teve o substitutivo aprovado pela Comissão de
Constituição e Justiça do Senado.
Na última semana, Polícia Federal, Ministério da Justiça e Casa
Civil se juntaram a políticos e provedores numa reunião de mais de
cinco horas para discutir o que deveria proceder do projeto, ou não.
Sem um acordo definitivo, algumas exclusões do substitutivo são
consenso entre todas as partes, mas ainda há um grande impasse
político na discussão.
Eduardo Azeredo, o criador, concorda que alguns trechos devam ser
reescritos, em especial o polêmico artigo 22, que prevê que os
provedores guardem o IP dos usuários para denunciar atividades
suspeitas. “Espero que a lei seja votada e não me importo de
eliminar essa parte dos provedores. Se o provedor quiser ser
conivente, tudo bem. Não altera o principal do projeto, que é criar
uma lei para os crimes no país”.
O senador do PSDB declara que “sempre esteve aberto ao
aprimoramento” do projeto, porém, “alguns que fizeram parte do
acordo inicial se acovardaram”, o que, segundo o político, dificulta
a resolução do regulamento.
Ele ainda ressalta que projetos de leis sobre crimes virtuais são
levados mais seriamente em outros países – citando o exemplo da
comissão criada por Barack Obama nos Estados Unidos – e avalia que o
Poder Executivo do Brasil está sendo omisso.
Nas discussões sobre a Lei Azeredo que não contam com a presença do
Senador, a comissão tem o objetivo de definir se há algo que valha a
pena apresentar em um projeto. E o principal ponto de discordância
está nos chamados “logs de acesso” – os registros de uma conexão
feita de um computador por um usuário. Alguns políticos querem levar
o assunto para uma lei civil, e não criminal, como está agora.
O maior representante da frente “civil” nas reuniões é o deputado
Paulo Teixeira (PT-SP), que diz que o “log é sugerir rastreamento”,
com o apoio de pessoas ligadas ao software livre. “O registro
deveria ser usado no plano civil e por autoridades apenas quando uma
ordem judicial pedir a quebra de sigilo”, explica Teixeira.
O deputado petista se posiciona a favor da criação de uma nova lei,
que segundo o próprio, tramitaria rapidamente até ser aprovada,
ainda mais depois da recente declaração de Lula contra a Lei
Azeredo, a que chamou de “censura” no 10º Fórum Internacional do
Software Livre.
O relator da proposta na Comissão de Ciência e Tecnologia da
Câmara,Julio Semeghini (PSDB-SP) defende a tese de que os provedores
“guardem os logs e mais nada, de maneira sigilosa”. Para o político
peessedebista, hoje, os logs de acesso são tratados como relação
comercial, e o sigilo não é protegido. Por isso, ele defende que
eles sejam guardados em lugares seguros, para depois ser usado em
mandado judicial.
“Quando você comete um crime na vida real, os processos sempre têm
uma base, um pedaço de cabelo, sempre há um rastro. Na internet,
quando se solta um vírus para prejudicar imagem de alguém ou
computador, não há como rastrear se proibir o log”, diz Julio
Semeghini, do PSDB, sem ter apoio de Teixeira, do PT.
O político do PSDB ainda diz que alguns pontos da Lei Azeredo são
bons e não precisam ser revisados. Segundo ele, uma parte seria
aprovada e mandada para frente, e outra seria reescrita.
O deputado do PT, por sua vez, chegou até a comentar sobre o
“enterro” da lei, na reunião da semana passada. O petista defende
que se aproveite o consensual numa nova legislação. Por enquanto,
sem acordo quanto aos logs, o projeto segue da mesma maneira: sem
novidades, apenas possibilidades.