Brasil produz célula-tronco sem embrião
1 de dezembro de 2009 | Autor: antonini
Cientistas cariocas produziram pela
primeira vez no Brasil uma linhagem de células-tronco de
pluripotência induzida. Conhecidas pela sigla iPS – “induced
pluripotent stem cells”, em inglês -, elas são idênticas às
cobiçadas células-tronco embrionárias, com a vantagem de que não
necessitam de embriões para sua obtenção. Em vez disso, a
pluripotência (capacidade para se transformar em qualquer tecido do
organismo) é induzida “artificialmente” em uma célula adulta, por
meio da reprogramação de seu DNA.
A técnica, segundo o que os
pesquisadores revelaram com exclusividade à Agência Estado, não
reduz a importância do estudo das células embrionárias “autênticas”,
mas diminui a necessidade de destruir embriões para a produção de
novas linhagens pluripotentes. Além de facilitar imensamente a
produção de células-tronco oriundas dos próprios pacientes, já que
não há limite no número de células adultas que podem ser
reprogramadas nem é preciso passar pelas complicações técnicas (e
éticas) de fabricar ou clonar um embrião para pesquisa.
Apenas quatro outros países já possuem linhagens de células iPS
registradas na literatura científica: Japão, Estados Unidos, China e
Alemanha. A pesquisa brasileira produziu, simultaneamente, em menos
de um ano, uma linhagem iPS de células humanas e outra de
camundongo. Ambas serão disponibilizadas gratuitamente para a
comunidade científica.
O projeto foi realizado nos laboratórios do neurocientista Stevens
Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), e do biomédico Martin Bonamino, da Divisão
de Medicina Experimental do Instituto Nacional de Câncer (Inca), com
apoio dos alunos de pós-graduação Bruna Paulsen e Leonardo
Chicaybam. A parceria começou em 2008, depois que Rehen deu uma
palestra no Inca. Foi o casamento perfeito: “O Stevens sabia
cultivar as células-tronco e a gente sabia produzir os vetores
virais para infectar as células”, conta Bonamino.