Publicado em 15 de outubro de
2013
A Gama G T (Gama glutamil transferase) é uma enzima encontrada em
vários orgãos: fígado,rim e em menores concentrações no baço,
trato biliar, pâncreas, intestino, coração e cérebro. No fígado,
esta enzima está localizada nos canalículos das células hepáticas
e nas células epiteliais dos ductos biliares e devido a esta
localização característica, a enzima aparece alterada em quase
todas as desordens hepatobiliares. Nas células do parênquima
hepático a GGT se localiza tipicamente no retículo endoplasmático
liso estando sujeita à indução microssomal hepática e fazendo dela
um marcador sanguíneo sensível à agressões hepáticas induzidas por
álcool e medicamentos. Sua principal função é catalisar a
transferência de aminoácidos e peptídeos através das membranas
celulares, síntese protéica e peptídica e regulação dos níveis
teciduais de glutationa.
Desde que a GGT está envolvida no catabolismo da glutationa,
estudos recentes demonstram um novo papel como biomarcador de
stress oxidativo e eventos microinflamatórios e da mesma forma que
a Proteina C Reativa, surge um novo cenário para esta enzima, como
marcador de risco para doenças cardiovasculares e síndrome
metabólica. Alguns estudos já tem demonstrado que níveis elevados
de GGT em pessoas com insuficiência cardíaca estão associados com
risco elevado de mortes, mas o mecanismo para essa associação não
está bem esclarecido.
A GGT sérica é muito sensível à alterações da função hepática,
estando aumentada na maioria das doenças que causam danos agudos
ao fígado e vias hepatobiliares (hepatites agudas e crônicas,
cirrose, colestases e pancreatites). Ela possui maior
especificidade que a fosfatase alcalina (ALP) e a transaminase
oxalacética(TGO) para avaliar doenças hepáticas.
Valores elevados de GGT em pacientes sem icterícia com câncer, são
um seguro indicador de metástases hepáticas.
Normalmente, a GGT possui baixa concentração no sangue, porém
quando há uma lesão hepática ou quando há obstrução dos ductos
biliares que transportam a bile ao intestino, causados por tumores
ou cálculos, o nível sanguíneo de GGT é o primeiro a aumentar
dentre as enzimas do fígado. No entanto, a dosagem da GGT não é
muito específica, sendo incapaz de diferenciar doenças decorrentes
de danos ao fígado tais como como: câncer, hepatite viral, bem
como condições não-hepáticas, como a síndrome coronariana aguda ou
insuficiência cardíaca congestiva.
A dosagem de GGT também é utilizada na avaliação da ingestão aguda
ou crônica de bebidas alcoólicas. Ingestão de pequenas quantidades
de álcool, já são suficientes para aumentar a GGT no sangue.
Níveis mais elevados são encontrados em indivíduos que ingerem
habitualmente acima de duas ou três doses/dia. Ela pode ser
utilizada para triagem de alcoolismo ou para monitorar o uso e/ou
abuso de álcool em indivíduos sob tratamento de alcoolismo ou
hepatite alcoólica (controle de tratamento).
A Gama-glutamil transferase (GGT) pode ser útil para determinar a
causa de uma elevação de fosfatase alcalina (ALP). Ambas, ALP e
GGT, se elevam em doenças das vias biliares e do fígado, mas
apenas ALP estará elevada na doença óssea. Portanto, se o nível de
GGT é normal em uma pessoa com um a ALP elevada, a causa mais
provável é de doença óssea.
A ingestão de medicamentos afeta a atividade da GGT: níveis
elevados ocorrem por indução enzimática e são observados no uso de
fenitoína, carbamazepina e barbitúricos(fenobarbital), drogas
antiinflamatórias não-esteróides, antibióticos, bloqueadores dos
receptores de histamina, antifúngicos, antidepressivos,
acetaminofen e hormônios como a testosterona e tabagismo.
Clofibrato e contraceptivos orais podem diminuir os seus níveis.
Outras patologias e condições onde se observa elevação da GGT:
mononucleose, carcinomas, lupus, hipertireoidismo, infarto agudo
do miocárdio( 4 a 10 dias após) e obesidade mórbida.
Dr. CLAUDIO CASTRO MACIEL
Coordenador da Bioquímica
Referências:
Site Labtestsonline.org
Pubilicação técnica Analisa Gold
*Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser
utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso
de dúvidas, consulte seu médico.