1 -
INTRODUÇÃO
Analgesia por AINEs é explicada pela
ação
inibitória da síntese local de PGE2 (Vane, 1971).
Essa
ação previne o desenvolvimento da hiperalgesia ,
isto
é, a sensibilização dos
receptores de dor
para estímulos químicos e
físicos.
Dipirona
é um analgésico
e antipirético muito utilizado em diversos países
onde
sua propaganda é permitida.
Existe
uma impressão entre os
médicos de que a dipirona tem um efeito clínico
diferente
dos AINEs. Existem muitos artigos e estudos na literatura mostrando que
a dipirona tem efeito analgésico maior que aspirina, que
é um antiinflamatório inibidor de COX
clássico
(Mukherjee et Sudha, 1980; Petrova et al. 1980) ou paracetamol (Daftary
et al, 1980), um analgésico do grupo da anilina, e por isso
o
perfil do efeito farmacológico da dipirona é
certamente
diferente do que dos AINEs e também dos
analgésicos de
ação central (Nikolova et al, 1980; Nikolov et
al.,
1980). No entanto, esse sítio de ação
analgésica é um mecanismo controverso. A
ação central foi proposta por Von Tomek (1955) e
não confirmada por Lorenzetti (1999) que, ao aplicar
dipirona
intra-cerebroventricular de rato, não conseguiu inibir a
hiperalgesia induzida por prostaglandina em pata trazeira de rato.
2
– O QUE
É DIPIRONA
Dipirona
é o nome
genérico de ácido
[(2,3-dihidro-1,5-dimetil-3-oxo-2-fenil-1H-pirazol-4-il)metilamino]metanossulfônico,
também chamado de
1-fenil-2,3-dimetil-5-pirazolona-4-metilaminometanossulfonato de
sódio (ou de magnésio), e ainda denominado de
metamizol,
um segundo nome genérico e muito encontrado na literatura
farmacológica norte-americana e européia
Com
peso molecular de 351,36 e uma
distribuição relativa de 44,44% de carbono, 5,16%
de
hidrogênio, 11,96% de nitrogênio, 6,54% de
sódio
(7,26% se for magnésio), 22,77% de oxigênio e
9,13% de
enxofre, apresenta fórmula empírica
C13H16N3NaO4S.H2O (ou
C26H32MgN6O8S2. Na dipirona magnesiana ligam-se duas
moléculas
de dipirona ao cátion magnésio). É
preparada a
partir da metilação do grupo amino da
sulfamipirina,
tratada com aldeído metanóico
(formaldeído ou
formol), em solução de bissulfito de
sódio. Muito
solúvel em água (1g/1,5ml), é pouco
solúvel
em etanol e praticamente insolúvel em éter,
acetona,
benzeno e clorofórmio, sendo um complicador quando
é
necessário fazer uma cromatografia de camada delgada para
diferenciação da dipirona de outros
tóxicos e
barbitúricos em processos jucidiais onde é pedido
a
identificação toxicológica com fins
forenses, pois
os melhores carreadores de moléculas em cromatografia de
camada
delgada são justamente o benzeno, o éter, o
etanol, o
hexano e a acetona, sendo o metanol muito pouco utilizado devido
à sua toxicidade e a água não ser
usada por
dissolver a camada de sílica da placa.
Observando
a molécula da
dipirona, é possível identificar duas estruturas
ligantes
que tem papéis importantes no mecanismo de
ação
deste fármaco. O primeiro é o grupamento benzoil,
que tem
atividade anestésica comprovada, tanto que a maior
contribuição da cocaína para a
farmacológia
foi a identificação dos componentes de sua
fórmula
estrutural e a descoberta de que, retirando-se o radical benzoil, a
cocaína perdia sua ação
anestésica
(Cavazzani, 1994).
Outro ligante de
importância na estrutura da dipirona
é o grupamento sulfato, responsável por sua alta
solubilidade em água e pela sua facilidade de
absorção, é potencilamente agressivo
para a medula
óssea, podendo causar desde neutropenias, agranilocitoses,
até aplasia de medula óssea, uma patologia
hematopoiética muito severa que só tem um
tratamento, o
transplante de medula óssea que, se não realizado
em
tempo, pode levar o indivíduo ao óbito.
Foi
patentetada sob nº 254, pelo
Laboratório Hoechst em 1911, na Alemanha com o nome de
Metamizol® que hoje acabou virando nome genérico,
como
aconteceu com a Aspirina®, que é marca registrada de
ácido acetilsalicílico, desenvolvido pela Bayer e
que se
consagrou, tornando-se um nome genérico.
3
– MECANISMO
DE AÇÃO
Apesar
de todas as pesquisas já
realizadas apontarem para uma ação bloqueadora da
hiperalgesia exercida pela ligação a um receptor
periférico, combinado com ação espinal
da dipirona
e com poucos efeitos antiedematosos e/ou antiiflmatórios,
alguns
bancos de dados insistem em continuar afirmando que a
ação da dipirona atua unicamente por
inibição de cicloxigenase, inibindo a
síntese de
prostaglandinas (Abbate et al, 1990; Anon, 1973; Reynolds, 1994;
Gladtke, 1983; Arellano et Sacristan, 1990).
No
volume 116, de setembro de 2000 do
banco de dados Drugdex (Micromedex) aparece a
citação
feita no parágrafo anteiror, ignorando os trabalhos
realizados
entre 1996 e 1999 por Aleksander Zampronio, Berenice B. Lorenzetti e
Sérgio H. Ferreira, que apontam para a
ação
periférica da dipirona sobre um receptor
sináptico com
estimulação epinhal via
ativação da
arginina/cGMP em neurônios sensoriais primários.
A
ação antitérmica
da dipirona pode ser explicada pelo antagonismo direto de cininas
pirogênicas em receptores do centro termo-regulador,
localizado
no tálamo.
4
–
FARMACOCINÉTICA
4.1
– INÍCIO DA
AÇÃO
Na
hipertermia (febre), após
administração oral, o efeito hipotermiante
começa
a aparecer entre 30 minutos e no máximo em uma hora
(Ajgaonkar
et al, 1988; Giovannini et al, 1986; Reiner et al, 1984). O pico
máximo de resposta ficam entre 4 e 6 horas (Ajgaonkar et al,
1988; Giovannini et al, 1986; Reiner et al, 1984).
4.2
– NÍVEL MÁXIMO
DE CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA
Após
administração
oral, pode ser encontrado um nível máximo de
concentração após 1 a 2 horas (Vlahov
et al, 1990;
Flusser et al, 1988; Volz et Kellner, 1980). O nível
máximo de concentração
plasmática do
metabólito ativo 4-MAA encontrado foi de 11, 21 e 41 mcg/ml,
após administração oral de 750, 1500 e
3000mg de
dipirona, respectivamente (Vlahov et al, 1990). Na realidade e dipirona
é uma pro-droga que é metabolizada no trato
intestinal em
4-metilaminoantipirina (4-MAA), o metabólito ativo (Vlahov
et
al, 1990; Flusser et al, 1988; Brune, 1988; Levy, 1986; Volz et
Kellner, 1980). O 4-MAA é metabolizado no fígado
em
4-aminoantipirina (4-AA), um segundo metabólito ativo
(Brune,
1988; Flusser et al, 1988).
A
dipirona não apresenta
interações conhecidas com alimentos ou
então
são clinicametne insignificantes (Levy et al, 1995; Flusser
et
al, 1988).
4.3
– SÍTIOS DE
DISTRIBUIÇÃO
Cerca
de 58% do 4-MAA e 48% do 4-AA
são distribuidos ligados às proteínas
plasmáticas (Zylber-Katz et al, 1985). Os
metabólitos da
dipirona tem sido encontrados no líquido
céfalo-raquidiano. Em estudo controlado, 28 pacientes com
indicação terapêutica de dipirona,
tomando 1g por
via oral (dois comprimidos de 500mg) em tempos diversos (6 em 6 horas)
foram submetidos a punção lombar em
vários
intervalos de tempo e colhido cerca de 2ml de líquor sendo
detectada a presença dos metabólitos em
concentração menor que no plasma, mas guardando
uma
proporção líquor/plasma de ambos os
metabólitos (Cohen et al, 1998).
4.4
– VOLUME DE
DISTRIBUIÇÃO
O
volume de distribuição
do 4-MAA é de 40 litros (Vlahov et al, 1990).
4.5
– METABOLISMO
4.5.1
– PAREDE INTESTINAL
A
metabolização da
dipirona na parede intestinal é extensa (Vlahov et al, 1990;
Flusser et al, 1988; Brune, 1988; Levy, 1986; Volz et Kellner, 1980).
O
metabolismo é feito
monoenzimaticamene por hidrólise no trato intestinal
formando o
4-MAA, um dos seus metabólitos ativos (Vlahov et al, 1990;
Flusser et al, 1988; Brune, 1988; Levy, 1986; Volz et Kellner, 1980).
4.5.2
– FÍGADO
No
fígado o metabolismo
também é grande (Flusser et al, 1988; Brune,
1988; Volz
et Kellner, 1980). O 4-MAA é transformado em 4-AA (Brune,
1988;
Flusser et al, 1988; Volz et Kellner, 1980) e outros
metabólitos
inativos e de pouca importância. Em portadores
assintomáticos de hepatite B, com
função
hepática normal, testes demonstraram prejuízo no
metabolismo oxidativo da dipirona quando comparado com sujeitos
não portadores (Levy et al, 1997).
4.5.3
– METABÓLITOS
1.
4-Metilaminoantipirina, é um
metabólito ativo (Flusser et al, 1988; Brune, 1988).
2.
4-Aminoantipirina, também
é um metabólito ativo (Brune, 1988; Flusser et
al, 1988;
Volz et Kellner, 1980).
3.
4-Formil-aminoantipirina (4-FAA),
é um metabólito inativo (Vlahov et al, 1990; Volz
et
Kellner, 1980).
4.
4-acetilaminoantipirina (4-AcAA),
também é inativo (Vlahov et al, 1990; Volz et
Kellner,
1980).
4.5.4
– EXCREÇÃO
4.5.4.1
– Leite Materno
Os
metabólitos ativos da
dipirona, tanto o 4-MAA, quanto o 4-AA podem ser encontrados em altos
níveis no leite materno. Estão em
concentração igual ou até maior que no
plasma. No
entanto, os metabólitos foram encontrados no leite
até 48
horas após administração
única de dipirona
por via oral , devendo o uso de dipirona ser evitado durante o
aleitamento materno (Zylber-Katz et al, 1986).
4.5.4.2
– Rins
A
excreção renal é
intensa, sendo a maior via de eliminação (Vlahov
et al,
1990; Volz et Kellner, 1980). Os metabólitos 4-FAA e 4-AcAA
são excretados primeiramente na urina (Vlahov et al, 1990;
Volz
et Kellner, 1980).
4.5.5
– MEIA VIDA
O
metabólito 4-MAA tem uma meia
vida de 2 a 3 horas (Vlahov et al, 1990; Volz et Kellner, 1980). O
tempo de eliminação médio do
metabólito
4-MAA é significativamente aumentado nos portadores
assintomáticos de hepatite B, quando comparado com
indivíduos sadios. (Levy et al, 1997), enquanto o tempo de
meia-vida de eliminação do 4-FAA está
significativamente diminuido em portadores de hepatite B em
comparação com sujeitos não
portadores. Os tempos
de meia-vida de eliminação dos
metabólitos 4-MAA e
4-AcAA não apresentam diferenças
estatísticas
significantes entre os dois grupos. (Levy et al, 1997).
O
metabólito 4-AA tem uma
meia-vida de eliminação de 4 a 5 hoas (Vlahov et
al,
1990; Volz et Kellner, 1980).
5
–
DILUIÇÃO E ESTABILIDADE
A
Dipirona é compatível
com solução glicosada a 5%,
solução de NaCl
a 0,9%
e Ringer lactato*.
A administração deve ser imediata em
“bolus”
(ou em bolo) já que a estabilidade é limitada nas
três soluções, devendo ser evitada a
infusão
contínua*.
*
Informações do
fabricante Aventispharma (fabricante da Novalgina®).
6
–
RESTRIÇÕES AO USO
6.1
–
CONTRA-INDICAÇÕES
Discrasias
sanguíneas ou
depressão da medula óssea, hipersensibilidade,
rinite,
urticária, asma e reações
alérgicas
à aspirina ou outros agentes antiinflamatórios.
6.2
– PRECAUÇÕES
História
de úlceras
gastrointestinais, hemorragias gástricas ou
perfurações da mucosa;
disfuções renais;
hipertensão cardíaca (sobrecarga ventricular
esquerda) ou
disfunções cardíacas agravadas por
retenção de fluidos e edema;
disfução
hepática; infecções
pré-existentes;
porfíria; deficiencia de glicose-6-fosfato desidrogenase e
uso
concomitante com clorpormazina.
6.3
– REAÇÕES
ADVERSAS
Anemia
hemolítica e aplasia de
medula óssea tem sido reportada durante o uso de dipirona
(Anon,
1986; Sansone et al, 1984; Lay, 1966). Agranulocitose é a
ocorrência mais frequente durante a
administração
de dipirona e pode ser fatal (Arellano et Sacristan, 1990; Hargis et
al, 1989; Kiatboonsri et Richter, 1989; Anon, 1986; Gladtke, 1983;
Anon, 1973; Bottiger et Westerholm, 1973; Sadusk, 1965; Huguley, 1964),
tendo muitos casos acontecidos durante 20 anos de uso de dipirona na
Holanda (van der Klauw et al, 1998). A incidência da
indução de agranulocitose tem
variação
geográfica. Aparece em altas frequências em
Barcelona e
Berlim e em pequnos índices em Budapest, Tel-Aviv e Sofia
(Anon,
1986; Arellano et Sacristan, 1990; Anon, 1973; Vlahov et Bacracheva,
1989) e varia de estudo para estudo. Diferenças regionais
são muito provavelmente relatadas pela
avaliação e
uso em modelos em vários países. A
incidência de
agranulocitose varia em 1,1 por milhão, durante a primeira
semana de administração (Anon, 1986) e um caso
para cada
3000 usuários (Bottiger et Westerholm, 1973). Calculos
baseados
em dados levantados, sugerem que o uso da dipirona está
associado a menos de 7000 casos por ano no mundo todo (Kiatboonsri et
Richter, 1989).
Os
efeitos cardiovasculares incluem
hipotensão de moderada até severa (Hoigne et al,
1986;
Sanahuja et al, 1990). Evidencias de hipotensão com doses
orais
também tem sido descritas (Giovannini et al, 1986; Paeile et
Gallardo, 1974).
Efeitos
centrais mais significativos
são sonolência, astenia e cefaléia
(Lehtonen et al,
1983; Paeile et Gallardo, 1974).
Efeitos
gastrointestinais incluem
náusea, vômitos, irritação
gástrica e
xerotomia, que tem sido relatadas com a
administração
parenteral de dipirona (Marthak et al, 1991; Lehtonen et al, 1983;
Paeile et Gallardo, 1974; von Szeged et Michos, 1986).
Broncoespasmo
também tem sido
descrito em administrações contínuas
de dipirona
(Arellano et Sacristan, 1990).
Entre
as reações
cutâneas pode ser encontrado necrose epidermal
tóxica,
urticária, “rash” cutâneo
(Anon, 1973;
Arellano et Sacristan, 1990; Pandhi et al, 1984; Pasricha, 1979;
Lehtonen et al, 1983; Saban et al, 1991).
Choque
anafilático também
pode acontecer, com uma incidência de 1 caso em 5000
administrações (Fosseus et Straughan, 1983;
Arellano et
Sacristan, 1990; Kiatboonsri et Richter, 1988).
6.4
– TERATOGÊNESE
Em
estudo controlado, com
administração de dipirona via oral durante a
gravidez,
mostrou que o desenvolvimento de tumor de Wilms foi da ordem de 10,9%
(com p<0,05). Esse estudo incluiu 109 casos de tumor de Wilms e
218
controles. A idade significante dos casos ao tempo do
diagnóstico foi de 41,1 meses. As mães foram
questionadas
sobre o uso de medicamentos durante a gravidez para se determinar a
correlação do desenvolvimento do tumor e o uso de
medicamentos e a dipirona foi a mais utilizada durante a gravidez de
mulheres cujos filhos apresentaram o tumor, possivelmente devido a
facilidade de acesso à droga. Sem dados de estudos
prospectivos,
o aumento na indicencia de tumor de Wilms em crianças
expostas
à dipirona não pode ser atribuida definitivamente
ao
fármaco, no entanto, baseado nesses estudos o uso de
dipirona
durante a gravidez deve ser evitado (Sharpe et Franco, 1996).
6.5
– INTERAÇÕES
MEDICAMENTOSAS
6.5.1
– ACENOCOUMAROL
Não
foram observados efeitos
significantes nos tempos de coagulação durante
uso
concomitante com a dipirona (Zylber-Katz et al, 1985), porém
sempre é indicado o máximo de cuidado e
monitorização do paciente em uso concomitante de
dipirona
com anticoagulantes orais, especialmente se houver necessidade da
adição de um antiinflamatório
não
esteróide ao tratamento. O efeito adverso mais comum
é o
aumento do risco de hemorragias.
6.5.2
– ALENDRONATO
Durante
três anos de estudo
clínico controlado, envolvendo 2027 pacientes que recebiam
antiinflamatórios não esteroidais, a
incidência de
efeitos adversos gastrointestinais foi similar entre os pacientes
recebendo alendronato e pacientes recebendo placebo. No entanto, quando
administrado alendronato com AINEs, e dipirona, a incidencia aumentava,
especialmente a irritação gástrica,
efeito
também observado com a dipirona (Prod Info
FosamaxÒ ,
1999).
6.5.3
– INIBIDORES DA ECA
É
conhecida a
interação entre os inibidores da ECA e a
dipirona,
podendo surgir bradicardia, frequentemente induzida por hipercalemia
(Shionori, 1993). Esse distúrbio pode levar a paradas
cardíacas (Kurata et al, 1999).
6.5.4
– BLOQUEADORES
BETA-ADRENÉRGICOS
Em
uso concomitante de dipirona com
beta-bloqueadores, tem sido reportado aumento na tensão
arterial
e interferência no controle da pressão
sanguínea
(Radack et al, 1987; Webster et al, 1984; Abate et al, 1990; Chalmers
et al, 1984; Durao et al, 1977; Salvetti et al, 1984; Watkins et al,
1980).
6.5.5
– BLOQUEADORES DE CANAIS DE
CÁLCIO
O
uso de dipirona com bloqueadores de
canais de cálcio (nifedipina), aumenta o risco de hemorragia
gastrintestinal (Pahor et al, 1996).
7
–
EFICÁCIA COMPARATIVA
7.1
– ACETAMINOFENO (Paracetamol)
7.1.1
– FEBRE
Dipirona
na dose de 0,5g oral
demonstrou efeitos antipiréticos mais acentuados que o
paracetamol na mesma dose em pacientes com febre tifóide e
estudo controlado. A redução da temperatura retal
foi
muito mais significativa com dipirona do que com paracetamol
até
uma ou duas horas após a
administração. Existe uma
tendência da dipirona para um efeito prolongado, em torno de
6
horas ou mais (Ajgaonkar et al, 1988).
7.2
– ÁCIDO
ACETILSALICÍLICO (Aspirina)
7.2.1
– FEBRE
Em
um estudo pequeno, duplo-cego, o
efeito de 500mg de dipirona “per-ós” foi
superior
à mesma dose de ácido acetilsalicílico
no
tratamento de febre (Reiner et al, 1984).
7.2.2
– DOR
PÓS-OPERATÓRIA
O
efeito de 500mg de dipirona 500mg
“per-ós” é consideravelmente
superior ao do
ácido acetilsalicílico na mesma dose no
tratamento de
dor, em estudo controlado (Arellano et Sacristan, 1990).
7.3
– N-METIL-BUTIL-ESCOPOLAMINA
(Hioscina)
7.3.1
– NA CÓLICA RENAL
Em
estudo controlado com n=96 pacientes
com cólica renal, a hioscina em dose 20mg intravenosa foi
inefetiva na remissão dos sintomas dolorosos, enquanto a
dipirona na dose de 1 grama intravenosa apresentou efeito menor que 2,5
gramas pela mesma via. 61% dos pacientes tratados com hioscina
precisaram da adminstração conjunta de
analgésicos
narcóticos (petidina, nalbufina, tramadol ou morfina) para
controlar a dor, enquanto 17% e 0%, respectivamente, dos pacientes em
uso de dipirona precisaram da adição de
analgésico
opióide (Lloret et al, 1987).
7.4
– CLONIXINA
7.4.1
– DOR NA
PÓS-HISTERECTOMIA
Em
estudo randomizado, duplo-cego com
n=160 pacientes divididos em 4 grupos de 40 pacientes cada, foi
administrado 30mg em bolus 15 minutos antes da cirurgia e 15mg em bolus
de clonixina após a cirurgia, ou 660mg de dipirona em bolus
antes e 330mg após a histerectomia. 4,4% das pacientes
tratadas
com dipirona necessitaram de doses adicionais de dipirina para
controlar a dor no pós-operatório contra 11% das
pacientes tratadas com clonixina (Rodriguez et al, 1993).
7.5
– DEXTROCETOPROFENO
7.5.1
– DOR NO
PÓS-OPERATÓRIO ODONTOLÓGICO
A
dipirona é tão eficaz
quanto do cetoprofeno em analgesia no
pós-operatório
odontológico (Bagan et al, 1998).
7.6
– DICLOFENACO
7.6.1
– NA CÓLICA RENAL
injeção
intravenosa de
2,5 gramas de dipirona combinada com pitofenona (um
espasmolítico semelhante à atropina) e
fempiverinium (um
espasmolítico homólogo da papaverina) tem efeito
similar
ao diclofenaco na dose 75mg por via intramuscular. Ou seja, o
diclofenaco em monoterapia é mais efetivo que a dipirona em
monoterapia (Sanahuja et al, 1990).
7.6.2
– NA CIATALGIA
No
tratamento da ciatalgia (dor do
nervo ciático), 2,5 gramas de dipirona intramuscular foi
mais
efetivo que 75 miligramas de diclofenaco pela mesma via em tratamento
controlado, randomizado, duplo-cego de 260 pacientes que receberam
dipirona, diclofenado ou placebo por via intramuscular. A dipirona foi
mais efetiva que o diclofenaco com início do efeito
após
uma hora da aplicação e prolongando-se por cerca
de 48
horas (Babej-Dolle et al, 1994).
7.7
– IBUPROFENO
7.7.1
– NA DOR
PÓS-CIRÚRGICA
Em
estudo comparado entre dipirona
magnesiana intramuscular, ibuprofeno e placebo por via oral, a espectro
analgésico e o tempo de duração da
ação entre a dipirona e o ibuprofeno foram
semelhantes e
superiores ao placebo (de Miguel Rivero et al, 1997).
7.8
– INDOMETACINA
7.8.1
– NA CÓLICA RENAL
Injeção
intravenosa de
2,5g de dipirona tem mostrado efeito maior que 50mg de indometacina
pela mesma via, no tratamento da cólica ureteral em
litíases (cálculos) renais (Lehtonen et al, 1983).
7.9
– KETORALAC
7.9.1
– EM ANALGESIA
Em
estudo randomizado, comparando
aplicação de 30mg de ketorolac por via
intramuscular (um
AINE derivado da pirazolona) com 2g de dipirona pela mesma via cada 12
horas em n=60 pacientes com dor de severa à moderada
após
cirurgia ortopédica, encontrou-se uma eficácia
similar
entre o ketorolac e a dipirona no controle da dor nas primeiras 6 horas
do pós-operatório. Após os
três dias
seguintes, a redução da intensidade da dor foi
melhor
conseguida com o ketorolac, demonstrando uma eficácia maior
deste analgésico em relação
à dipirona
(Fernandez-Sabate et al, 1991).
7.10
– MEPERIDINA (Petidina)
7.10.1
– NA DOR
PÓS-CIRÚRGICA
Dipirona
na dose 2,5g intramuscular ou
intravenosa tem sido tão efetivo quanto 50 ou 100mg de
petidina
intravenosa no tratamento da dor pós-cirúrgica
(Patel et
al, 1980; Lal et al, 1973; Arellano et Sacristan, 1990).
7.10.2
– NA CÓLICA RENAL
Doses
de 2,5g de dipirona intravenosa
tem se mostrado tão efetivo quanto 50mg de petidina
intravenosa
no tratamento da cólica renal em cólica ureteral
em um
estudo randomizado (Lehtonen et al, 1983).
7.11
– NIMESULIDE
7.11.1
– NA FEBRE
Em
um pequeno estudo duplo-cego, 500mg
de dipirona por via oral foi comparada em eficácia com o
nimesulide (um novo AINE) na dose 100mg pela mesma via, no tratamento
da febre frequentemente produzida por diversos fatores. Ambas as drogas
apresentaram o mesmo escore de efetividade e foram superioras ao
ácido acetilsalicílico, que também foi
utilizado
no estudo, em efeito (Reiner et al, 1984).
7.11.2
– NA DOR
PÓS-CIRÚRGICA
Em
estudo duplo-cego em crianças
com dor pós-operatória foram utilizados
supositórios de 100mg de nimesulide e 300mg de dipirona a
cada 6
horas e ambas as drogas apresentaram a mesma eficácia no
tratamento da dor inflamatório no
pós-operatório
das crianças (Scharli et al, 1990).
7.12
– PENTAZOCINE
7.12.1
– NA DOR DO
PÓS-CIRÚRGICO BUCO-MAXILO-FACIL
Administrações
orais de
dipirona na dose 300mg e pentazocine na dose 50mg a cada 4 horas
mostraram eficácia semelhante em tratamento da dor no
pós-cirúrgico de procedimentos bucais, maxilares
e
faciais, em estudo duplo-cego. Neste estudo encontrou-se efeitos
adversos maiores causados pelo pentazocine em
relação
à dipirona (Paeile et Gallardo, 1974).
7.13
– SUPROFENO
7.13.1
– NEURALGIAS CRÔNICAS
Suprofeno
oral na dose 200mg 3 à
4 vezes ao dia foi tão efetivo quanto a dipirona na dose
500mg 3
a 4 vezes ao dia no tratamento de neuralgias cronicas de moderada a
severa em estudo controlado envolvendo 60 pacientes hospitalizados (von
Szeged et Michos, 1986).
7.14
– TRAMADOL
7.14.1
– NA CÓLICA BILIAR
AGUDA
Um
estudo multicêntrico e
randomizado, um grupo de 74 pacientes com cólica aguda
severa de
vesícula biliar, induzida por litíase biliar,
foram
comparados dipirona, 2,5g, hioscina 20mg e tramadol 100mg, todos por
via intravenosa. O temp início da
redução da dor
foi significativamente menor com a dipirona (10,9 minutos), em
comparação com o tramadol (15,8 minutos) e
hioscina (25,6
minutos). No grupo tratado com dipirona, 3 pacientes necessitaram de
doses adicionais da droga após 20 minutos, enquanto no grupo
da
hioscina 8 pacientes necessitaram de outra dose do fármaco e
no
grupo tratado com tramadol apenas 1 paciente necessitou de outra dose
do analgésico (Schmieder et al, 1993).
7.14.2
– NAS ODONTALGIAS
Tramadol
na dose 50mg por via oral e
dipirona na dose 100mg pela mesma via foram considerados equipotentes
no tratamento da dor de dente em tratamento experimental de dor
induzida, em estudo controlado envolvendo 10 indivíduos
sadios
(Rohdewald et al, 1988).
7.14.3
– NA DOR
PÓS-CIRÚRGICA
A
eficácia do efeito
analgésico do tramado (100mg intramuscular) foi comparado
com
uma associação de dipirona 500mg com
difenidramina
12,5mg, drofenina 25mg e benzetilio 2,5mg, para o tratamento da dor
pós-operatória em um estudo controlado,
randomizado com
60 pacientes que sofreram cirurgia abdominal. Ambas as drogas foram
administradas a cada 8 horas por 3 dias. A intensidade da dor foi
reduzida mais efetivamente com tramadol após a primeria dose
e
durante os três dias de tratamento (p<0,05) e a
qualidade do
sono dos pacientes foi significativamente melhor com o tramadol do que
com a dipirona associada (p<0,001). Efeitos adversos apareceram
em 3
pacientes do grupo com tramadol e apenas em um paciente no grupo com
dipirona associada (Canepa et al, 1993).
8
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