Pesquisas
Para estudar a
indução psíquica da dor,
os pesquisadores Schweiger e Parducci analisaram as
reações de um grupo de 34 estudantes
universitários aos quais foi dito que uma corrente
elétrica estava atravessando seus cérebros. Na
realidade,
a corrente elétrica não existia, mas cerca de
dois
terços deles queixaram-se de dores de cabeça mais
ou
menos intensas.
Ao mesmo resultado chegaram outros estudiosos californianos que submeteram estudantes a dois estímulos absolutamente idênticos, porém apresentados um como inofensivo e outro como potencialmente nocivo e doloroso. Os estudantes “sentiram” como doloroso exatamente o estímulo apresentado como tal.
A
porcentagem dos atingidos
Graças a
experimentos análogos, afirma um
neurofisiologista, pode-se estimar que a incidência do
“efeito nocebo” – o mal-estar por
auto-sugestão – sobre o público
pesquisado é
de 17%, e portanto, inferior a de seu oposto, o efeito placebo, que
atinge de 20 a 40%.
Ao efeito nocebo podem relacionar-se muitos dos fenômenos ditos de “magia” que levam à doença e até mesmo à morte: mau-olhado, rituais tribais, vodu, perdem todo o seu mistério uma vez que são descritos e analisados cientificamente.
Crônica
de uma morte
anunciada
De modo geral, a
“crônica de uma morte e/ou
doença anunciada” parafraseando Garcia
Márquez,
tem, em todas as culturas, a mesma seqüência:
fraqueza,
desnutrição, mal-estar, enfim, a morte. Esta
prostração progressiva chama-se anorexia, no
caso, a
psiquê está de tal forma envolvida no problema que
provoca
uma depressão tendente a alterar também o
apetite, com o
conseqüente sintoma anoréxico. Para os
especialistas
não há dúvida de que o
“efeito nocebo”
é uma “resposta depressiva”.
O neurologista inglês Peter Nathan confirma que pacientes de origem brasileira, praticantes de magia negra, quando se acreditavam vítimas de alguma feitiçaria, morriam de anorexia.
Há que se dizer que um estado depressivo grave, associado anorexia produz, no organismo suscetível, tipos distintos de infecções que pioram ainda mais o quadro, pela falta de defesas do corpo.
O
efeito nocebo dos
fármacos e dos terapeutas
As drogas também
podem ter um efeito nocebo. De um lado
substâncias absolutamente inofensivas tem
condições
de desencadear um agravamento do estado patológico do
indivíduo, dependendo de seu estado psíquico. De
outro,
um estudo realizado nos EUA com 22.277 pacientes mostrou que 13,83%
deles apresentou efeitos colaterais decorrentes exclusivamente da
auto-sugestão.
O próprio terapeuta pode provocar um efeito nocebo ou placebo no cliente: a droga será mais eficaz e o restabelecimento mais rápido, quanto mais o psicoterapeuta conseguir convencer o cliente da necessidade de responder ao tratamento.
Além disso, o psicoterapeuta que mais transmite confiança é o que está, socio-culturalmente falando, mais próximo do paciente.
Curitiba,
23 de maio de 1989.
Vladimir
Antonini